domingo, 6 de junho de 2010

Recriar






Atravessou a porta do juízo e ganhou a rua.
Fora, a chuva lavou qualquer chance de grito
Guardou para si toda a dor; o vazio. Somente o vazio.
O vazio traçando rumos infindáveis dentro.

Porque era assim. Ao rio os pulsos, as horas.
Dissolvidos na água que fugia escura.
Porque nunca mais é ser tão triste.
Porque fechar a porta amputa tanta ternura.

Pensou em voltar e não. Tantas vezes. Até.
Mas a vida vai bordando escamas nesse “não”
E de repente a gente volta a flutuar...
Porque nada e tudo se aproximam tanto.


**Publicado no Secar ao Vento
(http://www.secaraovento.blogger.com.br/index.html), Edição lençóis.